sexta-feira, 30 de maio de 2014

Granada!

Sargento Peniche, ao centro da imagem

A notícia do acontecido hoje no campo militar de Santa Margarida fez-me recordar de alguns dos últimos treinos feitos pelo pessoal da Companhia 2, na Escola de Fuzileiros, antes da concentração no Corpo de Marinheiros do Alfeite. Durante as aulas teóricas que, às vezes, eram ministradas na mata da Escola, com todo o pessoal sentado no chão ouvindo, mais ou menos atentamente, o que dizia o sargento instrutor, soava de repente a palavra «GRANADA» e toda a gente tinha que saltar para o mais longe possível ficando de bruços e com as mãos a proteger a cabeça.
Na maioria das vezes, por razões de economia, era atirada uma pinha em vez da esperada granada e o «BUM» da explosão nunca mais acontecia, deixando um sabor de engano na cabeça dos instruendos. Isto provocava no pessoal uma reacção negativa levando a que não se preocupasse muito em proteger-se convenientemente, pois o lançamento da pinha não significava o menor risco. E havia sargentos que exageravam as brincadeiras com a pinha e se riam no fim com as figuras mais ou menos desajeitadas que a malta fazia ao tentar saltar para o mais longe possível.
Juraria que era o Sargento Peniche que ministrava uma dessas famosas aulas, numa tarde quente do fim de Setembro, e quando soou o grito de granada, foi uma granada a sério que atirou para o meio do pessoal. Metade do pelotão, de que eu fazia parte, limitou-se a deixar-se cair para o lado sem grande preocupação em se proteger. Lembro-me de um dos camaradas que viu a granada cair-lhe mesmo ao pé da cara e só teve tempo de saltar para o outro lado antes de ela rebentar. E um outro que foi para a enfermaria com os olhos cheios de areia e alguns ferimentos ligeiros nas mãos e na cara. Sorte que o solo na mata era constituído por areia fina e o rebentamento não atirava pelo ar grandes estilhaços, além da cabeça metálica da granada.
Era mesmo assim um treino que não trazia aos alunos grandes conhecimentos e envolvia algum risco. Felizmente nunca aconteceu nada de maior, pelo menos no tempo que passei na Escola.

7 comentários:

  1. Em Metangula, já no Monte chifuli, caminhava pela picada o meu pelotão, comandado pelo nosso amigo Sargento Moisés, que não gostou do meu atraso e do meu amigo "Cansado", (o homem dos chocalhos pardalinho) Alcáçovas), e resolveu pregar-nos um valente susto e lança uma granada de mão, ao mesmo tempo gritando granada, o problema é que não a vimos vir pelo ar e zás, atirámos-nos para o lado que estava a granada, ao ouvir o BUMMM senti um ardor na cabeça, levo a mão e veio com sangue, os estilhaços estavam lá, tive que ser evaquado e enfermaria com ele, só mais tarde vim a saber quem lançou a granada, já esqueci, fomos e somos grandes amigos, são ossos do ofício, quem anda à chuva molha-se, fica aqui o meu grande abraço para o nosso amigo e ex. Companheiro Moisés.

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  2. Quero aqui afirmar que não me lembro deste rebentamento de granada e muito menos lançada por mim!..A informação dada ao Amigo Pascoa não terá sido a mais correcta pelos motivos que vou expor:
    1º Os pelotões eram comandados por um oficial e só em casos muito especiais seria um sargento.
    Claro que eu não lançaria 01 granada sem ordem do Cte.
    2ºEu fui instrutor de explosivos e minas e nunca correria o risco de um lançamento granada nos moldes indicados(risco grave).
    3ºO rebentamento da granada ofensiva é feito através de sopro e debaixo para cima.Assim,quem estiver deitado(horizontal)raramente é atingido,salvaguardando o restolho existente no local.
    Na instrução fazia rebentamentos junto das botas(cano alto)do pessoal sem problemas exceptuando o estrondo que chatiava os ouvidos.
    Amigo Pascoa parece que estou a ouvir esta historia pela 1ªvez.Não me lembro dela e por isso se calhar fez geito a alguém dizer que fui eu.
    Eu estando mui á vontade com as granadas tinha mui respeitinho por elas.O nosso amigo Américo Larangeira "sofreu na pele" com algumas granadas por mim rebentadas em cima das tendas mas só na instrução.Em comissão(patrulhas)o armamento gasto tinha que ser justificado nos relatórios nas unidades
    O meu abraço Fuzo.

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  3. Granada é perigosa.
    Muito cuidado com ela
    Quando rebenta deixa mossa
    e rasgos na farpela.

    Toda ela estilaçada,
    medonho sopro dum raio
    descuidadamente, descavilhada
    por onde passa,deixa rasto.

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  4. Amigo Moisés, não tenho a certeza se também ia o Tenente Barrocas, porque já lá vão muitos anos, mas esta história foi verídica, logo no 1º encontro que tivemos, foi a 1ªcoisa que o nosso camarada "Cansado", perguntou se me lembrava, quando vi sangue na mão fiquei nervoso, peguei na G3 e perguntei quem tinha atirado a granada, um nosso colega disse-me que tinha sido o Sargento e eu com todo o respeito acalmei e levaram-me para a enfermaria em Metangula, esta minha história não foi inventada, aconteceu mesmo, depois disso estivemos no Cobué, continuei seu amigo e a história começou e acabou no mesmo dia, o Sargento Moisés foi sempre para mim um amigo e continuará a ser!
    Agora o que pode acontecer é o cabo Páscoa castigar o Comandante Moisés com um almoço! Cá vai o meu abraço.

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  5. Abusando do Blog do nosso Amigo Carlos (a quem peço desculpa), quero dizer que a nossa amizade não está em causa. Apenas quero repor a verdade dos factos.Acrescento ainda que essa situação(rebentamento,sangue e evacuação) me traria problemas disciplinares perante o comando o que não sucedeu.
    Quanto ao almoço...logo que oportuno-VAMOS A ELE e tem que ser bem regado.
    Grande Abraço caríssimo.

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  6. O Sargento Peniche,
    aqui muito referenciado
    porque seria mesmo fixe
    por todos era respeitado!

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  7. Pois tem razão amigo Moisés! Uma granada atirada não se sabe por quem, no decorrer de um exercício e sem uma queixa apresentada, como queria que houvesse processo disciplinar?
    Com as minhas desculpas ao Carlos pelo abuso, terminamos esta conversa, fica o resto para o próximo almoço, aí bem regadas estas recordações.
    Abraços para todos!

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