sexta-feira, 31 de março de 2023

Este mês de março!

 


Levou 3 fuzileiros das minhas relações. Cada um que parte leva um pouco de nós que ficamos por cá mais uns tempos!

Isto fez-me lembrar que, há muito tempo, não tenho notícias de alguns que andam por fora do país ou ainda outros que são pouco dados a contactos constantes.

Havia dois Raimundos na Companhia 2, um de nome, Júlio Raimundo, o outro que dizia ser o nome ou alcunha do seu pai, mas que não constava do seu cartão de identidade. Há dias telefonei a cada um deles para saber da sua saúde e atenderam-me com alegria, um mais alegre que o outro, pois andava cheio de medo com problemas na próstata e disse-me que está curado, como por milagre, o outro mais triste porque sofre de um glaucoma que o tem quase cego.

Mas tenho mais de quem não sei nada, o Padre que ficou na Alemanha. o Elias no Brasil, o Fragata, no Canadá, o Tarrinha que passa a vida entre Sintra e os Estados Unidos, o Rodrigues que mora lá para os lados da Barragem do Castelo do Bode e o Manel perto das Portas de Ródão. E há mais que começam a viver em lares para idosos e para quem a vida já não tem grande valor. Eles bem podiam ligar-me a dar notícias, mas se não sentem essa necessidade ... quem sou eu para os obrigar.

Havia um alentejano meu amigo que dizia: - a gente leva os burros à fonte, mas eles é que decidem se bebem ou não!

quinta-feira, 23 de março de 2023

Era uma vez ...!

 

NMA - 8474.62

... um fuzileiro que hoje já não é mais, morreu!

Alentejano de nascença foi, com todos os seus conterrâneos, dormir para a caserna Nº 1, no Aquartelamento da Machava, quando a Companhia de Fuzileiros Nº 2 chegou a Moçambique. Acredito que não foi por acaso, eles apegam-se uns aos outros estejam onde estiverem.

Pois é e por aquilo que me lembro o Serafim era uma animação naquela caserna. Dava pela alcunha de Galguista por ter sido treinador de galgos, antes de ingressar na Briosa e só havia outro que rivalizava com ele na animação noturna, era o Mateus que dava pela alcunha de Custoidinha (nome mimado que dava à sua namorada que deixara na terra) que era algarvio e não deixava os seus créditos por mãos alheias. Eles os dois punham aquela caserna em polvorosa e justificavam as visitas frequentes do Cabo de Quarto para manter a ordem.

Tanto quanto sei, abandonou a Marinha pouco depois de termos regressado de Moçambique, na Primavera de 1965. E o seu principal emprego, senão o único, na vida civil foi como empregado da empresa de construção e reparação naval, a Lisnave. Se for verdade tudo aquilo que me contaram a este respeito, ele foi um dos mais bem sucedidos Filhos da Escola com quem convivi. Ele aprendeu bem o seu ofício e acabou numa posição cimeira, comandando e ajudando a entrar na empresa muitos fuzileiros regressados da guerra em África e necessitados de um emprego.

Depois de reformado, vivia na margem sul, Cruz de Pau, Feijó ou algo semelhante. Um café e um bagaço ou um copinho de tinto era tudo o que precisava para se sentir feliz. Só uma vez participou nos nossos convívios anuais, quando o organizei em Montemor-o-Novo. Depois de sairmos do paquete Infante D. Henrique, em Alcântara, foi a primeira e única vez que o encontrei, agora é impossível, pois repousa no cemitério da zona em que morava.

Foi um bom camarada e resta-me pedir a Deus que lhe reserve um bom lugar, lá no céu, em paga do bem que ele fez cá na Terra. Paz à sua alma !!!