sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Em jeito de despedida!

Antes de deixar deslizar o recente falecimento do Zé Alexandre (Estica-Arames) para um cantinho escondido da nossa memória, quero ainda publicar aqui uma das melhores fotografias que tenho no álbum geral da CF2 em que ele aparece acompanhado de dois filhos da sua escola.

Da esquerda para a direita:
Zé Alexandre, Artur Teixeira e Zé Correia

São 3 dos 9 grumetes fuzileiros que em Março de 1964 foram enfiados num avião da FAP e despachados para Lourenço Marques para reforçar os efectivos da CF2 depois da sangria provocada pelo regresso dos Cabos da escola do Baltazar, Matias, Rodrigues, Rosa, etc..
Em Setembro desse mesmo ano, o Zé Correia segui comigo para o Lago Niassa deixando os outros dois camaradas na Estação Radionaval da Machada, a quem nos viríamos a juntar de novo em Fevereiro de 1965. E um mês mais tarde embarcaríamos no Infante D.Henrique de regresso a Lisboa.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Adeus a um camarada!


Um dos objectivos a que me tinha proposto era conseguir uma foto de cada um dos elementos da Companhia de Fuzileiros Nº 2, tanto da época em que estivemos em Moçambique como da actualidade, para que os camaradas pudessem reconhecê-los aquando dos nossos encontros anuais.
Só hoje consegui realizar esse objectivo no que ao Zé Alexandre se refere. E só lamento que aquilo que fez chegar as fotografias à minha posse tenha sido o seu falecimento. Mas é assim a roda da vida e mais tarde ou mais cedo vai chegar a vez de cada um de nós até a CF2 não ser mais que uma recordação na mente de alguns dos nossos filhos que tenham acompanhado mais de perto a nossa vida como fuzileiros e combatentes da Guerra do Ultramar.
A última vez que falei com o Zé Alexandre foi em 2010 quando estava a preparar o convívio que se viria a realizar em Montemor-o-Novo. Contou-me que brevemente teria que vir a Braga tratar de negócios e que passaria pela Póvoa para me fazer uma visita e dar um abraço. Nessa altura combinaríamos a sua participação no convívio, no qual participaram também e pela primeira vez dois filhos da sua escola, o Artur Teixeira que tem estado emigrado na Suíça e o José Correia que é meu vizinho aqui na Póvoa.
De facto nunca mais me contactou, não apareceu aqui na Póvoa nem compareceu ao convívio de Montemor. Talvez o pouco tempo que partilhamos juntos em Moçambique, mais ou menos 1 ano, não tenha sido suficiente para estreitar os laços de amizade e companheirismo que nos uniam e isso tenha sido a razão por que não se sentiu atraído para se juntar a nós.
Mas isso agora de nada vale, ele partiu à nossa frente para a terra da verdade e lá nos juntaremos todos um dia para termos a nossa Companhia de novo completa. Até esse dia só desejo que Deus te tenha num bom lugar.

domingo, 16 de novembro de 2014

Os desinteressados!


A morte do Zé Alexandre fez-me pensar novamente naqueles que se recusaram sempre a encontrar-se com o resto do pessoal nos convívios que venho organizando desde 2008. Há uns que vão dizendo que sim, mas não aparecem, ou apareceram uma vez e esfumaram-se de novo. Há outros que andam perdidos por esse mundo de Deus e deles vou recebendo notícias de vez em quando.
Hoje escolhi falar dos seis (6) camaradas que sinto completamente divorciados da nossa Companhia. Dois (2) deles moram no estrangeiro e não consigo comunicar com eles. O primeiro é o António Marques Pereira (16790) que mora (ou morava) na Alemanha e de quem não tenho notícias desde 2010. O segundo é o José Luís Vaz Gomes (17916) que mora em Newark/USA e que nem com a sua família mantém qualquer contacto.
Se passar por aqui alguém que os conheça, ou saiba como contactar com eles, agradeço todo o tipo de ajuda que me possam prestar.
Dos restantes quatro (4) camaradas até tenho dificuldade em falar, pois não obstante a minha insistência, ano após ano, sempre se recusaram a dar as caras. Vou deixar aqui a sua identificação para o caso de alguém os conhecer e estar interessado em pressioná-los, quero dizer convencê-los, a entrar em contacto comigo.
16105 - Carlos Trindade, morador na Amadora.
16540 - António Rodrigues, morador em Mem Martins.
16749 - Frederico Tarrinha, morador em Mem Martins.
16772 - João Silva, morador em Lisboa.
Há quem diga que não devia preocupar-me com estas coisas, mas desde que tomei para mim a missão de acompanhar e dar notícias de tudo e todos que têm a ver com a nossa Companhia não consigo alhear-me disso. Não ter notícias de qualquer espécie mexe-me com os nervos. Cada um com a sua tara!

sábado, 15 de novembro de 2014

Mais um óbito!

Alguém se lembra do «Estica-Arames»?
Esse filho da escola foi um dos 9 grumetes da Escola de Março de 63 que em Março de 1964 aterraram na Estação Radionaval da Machava para ocupar o lugar (render) dos Cabos que tinham sido admitidos no Curso de Sargentos e tiveram que regressar à Metrópole à pressa.
Dos nove, seis eram recrutados e três eram voluntários. Dos recrutados há um que já faleceu, há alguns anos. Dos voluntários também tínhamos já registado um óbito, o do Aguiar mais conhecido pela alcunha de «Micróbio». Dos dois restantes, o Zé Alexandre (a morar no Algarve) e o Zé Luís (a morar em New Jersey / USA) poucas ou nenhumas notícias me chegam, mas, até ontem, acreditava que ambos eram vivos ainda.
Ontem recebi uma mensagem por e.mail, enviada pelo seu filho Mário, comunicando-me que o José Alberto Raminhos Alexandre, por alcunha «O Estica-Arames», tinha falecido a 28 de Abril deste ano e que só agora me contactou porque acidentalmente descobriu o nosso blog e soube através dele que o seu pai tinha prestado serviço na CF2.
Infelizmente há bastantes camaradas que não mantêm qualquer contacto comigo e o que aconteceu agora, o falecimento ter passado despercebido, pode acontecer de novo, mas não há nada que eu possa fazer para o evitar.
Estou à espera que o Mário me consiga enviar uma ou mais fotografias e logo que as tenha em meu poder farei uma nova comunicação devidamente ilustrada.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

Capacidade de construção da CF2!


Na Estação Radionaval da Machava havia um sargento, um gigante com um corpanzil de respeito, que era o responsável pelos transportes e pelas viaturas, a começar pelo autocarro das licenças que todos os dias nos levava até à baixa de Lourenço Marques para um pouco de convivência com os civis. A ele, como responsável por esse autocarro, doí-lhe que a única protecção contra o cacimbo da noite fosse a frondosa copa de um cajueiro debaixo do qual ficava estacionado.
Por essa razão batalhou muito com o oficial responsável pela Estação e com o Comandante da nossa Companhia para os forçar a convencer o Comando Naval a destinar uma verba suficiente para construir uma garagem e oficina de apoio às viaturas da Unidade. Depois de muita insistência lá apareceu a verba necessária para comprar o ferro e o cimento, a areia veio da praia, na zona da Costa do Sol, e a mão de obra foi recrutada entre o pessoal da CF2.
Na imagem acima vê-se em primeiro plano o edifício já com as paredes levantadas quase até à altura do telhado. Muitas horas trabalhou esta praça, como ajudante de pedreiro, para a conclusão dessa obra que ficou ao serviço dos que vieram a seguir a nós. É assim a vida, os primeiros são sempre os mais sacrificados.
Puxando um pouco pela cachimónia, lembro-me que naquelas 3 portas que se vêem no Edifício do Comando funcionava o Gabinete do Sargento-Dia, à esquerda, a Cabina Telefónica, ao meio, mas não me lembro do que havia na porta da direita. Alguém se lembra?

terça-feira, 4 de novembro de 2014

De volta a 1965!


Muita coisa aconteceu em Metangula no ano de 1965. Logo no dia 9 de Janeiro, aconteceu a famosa emboscada do Lipoche onde uma secção de fuzileiros da CF2 teve o seu baptismo de fogo e as tropas portuguesas tiveram a sua primeira baixa causada pela Frelimo, um cipaio que nos servia de guia e intérprete.
No fim desse mesmo mês de Janeiro, o pelotão da CF2 que estava destacado em Metangula regressou a Lourenço Marques para preparar o regresso à Metrópole. Quem tomou o seu lugar, na defesa das instalações navais no Niassa, foi um grupo de combate do DFE1 comandado pelo 1º Tenente Maxfredo (recentemente falecido por atropelamento no algarve) tendo ficado o remanescente do Destacamento na base de Porto Amélia.
Em Março chega a Moçambique a CF6 comandada pelo 1º Tenente Patrício, oficial de alto gabarito entre os fuzos, que no decorrer desse mesmo ano se deslocaria para o Niassa, tendo sido a primeira companhia de fuzileiros a ser destacada na sua totalidade para Metangula. A pista de aviação que se vê na imagem poderia ser baptizada com o nome «Aeródromo Comandante Patrício» de tal modo foi a sua influência para que se construísse e entrasse em funcionamento. Muitas mais como esta foram rasgadas no distrito do Niassa, durante os dez anos de guerra, mas naquele tempo era a única que havia e foi de grande serventia no apoio às nossas tropas.
Apostaria que a fotografia que vêem acima foi tirada durante o primeiro semestre do ano de 1966. O momento em que a pista já tinha sido construída e todo o resto de Metangula estava como era antes da guerra dá-me essa garantia. Além da pista, a única coisa que difere da Metangula que encontrei em 1964 é a «Caserna dos Especiais», situada em frente ao cais das lanchas, que foi construída para albergar o Destacamento do Comandante Maxfredo e que se vê nitidamente na imagem.
No cruzamento de estradas que se vê no primeiro plano da foto, partem duas estradas em direcção a Maniamba, uma delas via Nova Coimbra e a outra pelo Caracol. De Maniamba até Vila Cabral segue apenas uma que passa pela Cantina Dias, Bandece, etc.. Nos velhos tempos, antes da Frelimo entrar em actividade, havia uma camioneta da carreira que fazia a ligação entre Metangula e Vila Cabral, via Nova Coimbra, uma vez por semana às terças-feiras. Foi no ano de 1965 que fez a última viagem e até hoje ninguém pensou em reactivar esse serviço de apoio às populações isoladas do Lago Niassa.
E por aqui me fico, se mais soubesse mais vos contaria, adeus compadres até outro dia!