sábado, 10 de dezembro de 2022

A fila continua a andar!

 A realização da Festa de Natal da Associação de Fuzileiros serviu para eu tomar conhecimento da morte de um camarada que me era muito chegado. Costumávamos trocar um telefonema duas ou três vezes por ano e, como ele tinha as suas raízes em Baião, planeávamos encontrar-nos cada vez que ele viesse ao norte. Uma dessas visitas estava planeada para acontecer no fim do verão passado, mas não aconteceu e só agora descobri a razão, ele faleceu em 5 de Agosto passado. 


O Barbosa era de uma escola anterior à minha - Setembro de 1961 - mas por razões de saúde não pôde jurar bandeira com os seus camaradas de recrutamento e foi obrigado a repetir a recruta, o que o fez encontrar-se comigo na Escola de Fuzileiros, no mês de Março de 1962. E daí em diante andámos sempre juntos até ao dia em que eu regressei a Lisboa no fim da comissão da CF8, em Fevereiro de 1968.

Fomos juntos para Moçambique na CF2 e por lá passámos uns felizes 30 meses. Regressámos a Lisboa, a bordo do paquete Infante D. Henrique com paragens em vários portos pelo caminho. No último deles, Funchal da Madeira, fomos a terra juntos e nesse dia o Barbosa conheceu uma menina com quem viria a casar por procuração. Pouco interesse tem para a minha narrativa, mas esse casamento acabou mal e foi anulado com autorização do Papa por nunca ter sido consumado.

Em Vale de Zebro, fizemos juntos o Curso de 1º Grau no fim do qual nos voluntariámos para a CF8 que estava a ser preparada para seguir para Moçambique de onde tínhamos saído, há seis meses apenas. E fizemos mais 28 meses de comissão juntos, parte em Lourenço Marques e parte em Metangula, no Niassa, já com a guerra de libertação em pleno andamento. Fizemos algumas operações no mato, felizmente sem qualquer tipo de problema.

Passámos bons momentos na companhia de outros camaradas que também já faleceram - como o Valter, o Silveira ou o Paulino. Regressámos à capital de Moçambique por volta do Natal de 1967 e dois meses depois a Lisboa. O Barbosa e o Valter andavam embeiçados por duas moçambicanas e preferiram passar a vida civil e lá ficar com elas. Nenhum desses casamentos teve grande futuro e depois da independência ambos regressaram à Metrópole "solteiros".

Depois fomo-nos encontrando regularmente, nos convívios anuais, enquanto houve pernas para o fazer. E depois disso fomos usando o telefone para dar notícias um ao outro e falar dos amigos comuns ou lamentar a perda de algum deles, cada vez que um recebia a guia de marcha para a outra dimensão. O Valter era de Sines e para lá levou o Barbosa, quando regressaram de Moçambique. O Valter tinha falecido, há cerca de dois anos, e agora foi o Barbosa juntar-se a ele e ao Paulino para juntos ficarem à nossa espera, pois mais dia menos dia todos seguiremos o mesmo caminho.

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