terça-feira, 3 de junho de 2014

Escala de prioridades!

Com 20 anos de idade e a viver numa cidade linda como Lourenço Marques não me podem acusar de ter andado distraído e ligado pouco (ou nada) à evolução da questão da guerra de libertação que a Frelimo vinha preparando. Digo isto porque não tenho grandes memórias do envio de pessoal da Companhia 2 para o Lago Niassa. Só em tempos recentes, depois de começarmos os convívios do pessoal da CF2, é que a minha atenção foi chamada para esse facto, pois na minha cabeça só tinha ido para Metangula um pelotão de fuzileiros depois do ataque da Frelimo à Castor, na noite de 24 para 25 de Setembro.
Começou o Leiria por me dizer que esteve lá por duas vezes, uma comigo e outra antes disso com o Tenente Abecassis, o qual protagonizou um autêntico filme que acabou por fazê-lo regressar a Lisboa e depois abandonar a Marinha. E depois o Jordão que referia a história do Cascalho que na Beira, quando regressava de Metangula, armou uma encrenca de todo o tamanho que levou ao seu regresso a Lisboa sob prisão. E, por último, o Manel Ladeira que até as fotografias daqueles que o acompanharam me enviou para reforçar aquilo que conta.
A Base Naval tinha acabado de ser construída e o Comandante Zilhão precisava de toda a mão-de-obra possível para fazer os arranjos que são obrigatórios nestas circunstâncias. Foi para dar resposta ao seu pedido que o Comando Naval decidiu enviar uma Secção de Fuzileiros, suponho que no início do ano de 1964. Pelo que consegui saber, o tempo de estadia era de 3 meses, findo o qual havia lugar à rendição num sistema rotativo.









Era costume a malta deixar crescer a barba logo que se apanhava longe da disciplina imposta pelo comando da Unidade e a ida para Metangula oferecia essa possibilidade de mão beijada. Por essa razão este grupinho que aqui vêem parece a troupe do «Tango dos Barbudos».
O Barbosa, o Chaveiro e o Zé Daniel eram, habitualmente, Chefes de Esquadra e numa Secção só havia lugar para dois. E a comandar o grupo devia haver um Cabo ou Sargento. Tenho a certeza que o Ladeira vai aqui deixar um comentário para esclarecer estas minhas dúvidas.
Estes movimentos de Lourenço Marques para uma zona de guerra não foram registados nas nossas Cadernetas Militares e, no meu caso pessoal, fiquei prejudicado no cálculo do tempo para efeitos de reforma e até do famoso subsídio atribuído aos ex-combatentes, conhecido por "Subsídio do Portas". Foram quatro meses que ali passámos, em tempo de guerra, e numa zona de 100%. Será que ainda vale a pena ir lá reclamar para me recalcularem a reforma? Com tantos cortes, uns euritos a mais davam jeito!

4 comentários:

  1. Os fuzileiros em Metangula, terão sido muito poucos os que não deixam crescer a barba. Os especiais, esses parece-me que todos a deixaram crescer. Quanto ao subsídio de que falas, conhecido por "Subsídio do Portas" Isso é uma trapalhada mesma daquelas trapalhonas. Por exemplo: O Vinagre e eu era-mos do mesmo pelotão,
    andámos pelas mesmas picadas,o mesmo tempo de serviço e de percentagens para efeitos desse tal subsídio, a ele foi-lhe atribuído no valor de 100.00 Euros, a mim foi-me atribuído 75.00 Euros, desses 75.00 Euros roubam-me 20.00 Euros, só recebo 55.00 Euros. Teria sido melhor se ele Portas tivesse metido essa lei enganosa olho do cu!..E por agora mais não digo!
    Tenham todos um dia muito feliz.

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  2. Todo o militar(na marinha)tem na Repartição do Pessoal um Processo Individual, onde é registado tudo o que lhe diz respeito. Agora, falta saber se as Unidades através da Secretaria faziam lá chegar a informação-Tinham essa obrigação.Muitos dados se perderam especialmente das Uns que andavam por Africa sempre em movimento.
    A Lei que regula os ex-combatentes ´´é 3/2009 de 13Jan.
    Quem queira pedir esclarecimentos ou informações poderá contactar os telefones 808201381,213804230 ou antigoscombatentes@dgprm.mdn.gov.
    PT.
    Como inf.complementar a Lei limitou max.150,00 e min. 75,00€
    para todos.
    Abraço forte

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  3. Concordo, conforme as situações, que tenha sido determinado mínimo e máximo. Todavia discordo por não ter sido respeita a equidade. Trabalho igual, salário igual, mas não há imparcialidade na Lei 3/2009 de 13Jan. Disso eu tenho a certeza e não adianta reclamar, porque eles mesmo sem razão, ditam as leis a seu favor!

    Amigo Moisés, que se lixa é sempre o mexilhão!

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  4. Efectivamente a minha secção foi para Metangula render um outro grupo (como saíram antes da nossa chegada não sei quem eram ).
    O chefe da nossa secção era um cabo algarvio, salvo erro o Rosa, que permaneceu em Metangula apenas alguns dias, já que foi mandado regressar à metrópole para frequentar o curso de sargentos.
    A chefia da secção foi então entregue ao nosso amigo Barbosa, por ser o grumete mais antigo daquele grupo.
    A lancha Castor, com a respectiva guarnição, já se encontrava em Metangula.
    Encontramos também naquela base, entre outras, pessoas tais como o Teca-Teca (nosso dedicado mainato), um cabo telegrafista de Alpedrinha, que passava os dias a tocar viola (ficou a viver por lá até ao fim da vida) e um enfermeiro de cor, muito competente e dedicado, que se dizia ser da Frelimo.

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