terça-feira, 4 de novembro de 2014

De volta a 1965!


Muita coisa aconteceu em Metangula no ano de 1965. Logo no dia 9 de Janeiro, aconteceu a famosa emboscada do Lipoche onde uma secção de fuzileiros da CF2 teve o seu baptismo de fogo e as tropas portuguesas tiveram a sua primeira baixa causada pela Frelimo, um cipaio que nos servia de guia e intérprete.
No fim desse mesmo mês de Janeiro, o pelotão da CF2 que estava destacado em Metangula regressou a Lourenço Marques para preparar o regresso à Metrópole. Quem tomou o seu lugar, na defesa das instalações navais no Niassa, foi um grupo de combate do DFE1 comandado pelo 1º Tenente Maxfredo (recentemente falecido por atropelamento no algarve) tendo ficado o remanescente do Destacamento na base de Porto Amélia.
Em Março chega a Moçambique a CF6 comandada pelo 1º Tenente Patrício, oficial de alto gabarito entre os fuzos, que no decorrer desse mesmo ano se deslocaria para o Niassa, tendo sido a primeira companhia de fuzileiros a ser destacada na sua totalidade para Metangula. A pista de aviação que se vê na imagem poderia ser baptizada com o nome «Aeródromo Comandante Patrício» de tal modo foi a sua influência para que se construísse e entrasse em funcionamento. Muitas mais como esta foram rasgadas no distrito do Niassa, durante os dez anos de guerra, mas naquele tempo era a única que havia e foi de grande serventia no apoio às nossas tropas.
Apostaria que a fotografia que vêem acima foi tirada durante o primeiro semestre do ano de 1966. O momento em que a pista já tinha sido construída e todo o resto de Metangula estava como era antes da guerra dá-me essa garantia. Além da pista, a única coisa que difere da Metangula que encontrei em 1964 é a «Caserna dos Especiais», situada em frente ao cais das lanchas, que foi construída para albergar o Destacamento do Comandante Maxfredo e que se vê nitidamente na imagem.
No cruzamento de estradas que se vê no primeiro plano da foto, partem duas estradas em direcção a Maniamba, uma delas via Nova Coimbra e a outra pelo Caracol. De Maniamba até Vila Cabral segue apenas uma que passa pela Cantina Dias, Bandece, etc.. Nos velhos tempos, antes da Frelimo entrar em actividade, havia uma camioneta da carreira que fazia a ligação entre Metangula e Vila Cabral, via Nova Coimbra, uma vez por semana às terças-feiras. Foi no ano de 1965 que fez a última viagem e até hoje ninguém pensou em reactivar esse serviço de apoio às populações isoladas do Lago Niassa.
E por aqui me fico, se mais soubesse mais vos contaria, adeus compadres até outro dia!

3 comentários:

  1. E muito nos contas compadre!
    Sabes que eu invejo a tua fresquíssima memória, podemos dizer que é de "elefante"! Eu cheguei atrasado à pista, mas ainda sobrou transpiração para mim, deixaram lá as pás e as enxadas.

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  2. Ver Metangula, antiga, é colossal!
    onde estivemos de serviço em comissão
    diziam ser território de Portugal
    para lá nos mandaram defender a Nação?

    De nada estou arrependido,
    fui conhecer o que não conhecia
    nunca por lá andei perdido
    das mangas que no Cobué comia
    tenho saudades do tempo lá vivido!

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  3. O ponto de referência é o Farol,
    preparem a trouxa vamos para Metangula
    depois de Maniamba pelo caminho do caracol
    visitar o Lago Niassa e toda a sua belezura!

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