quinta-feira, 1 de maio de 2014

Os mais «Marretas»!

Na Marinha diz-se (e aplica-se na prática) que "a antiguidade é um posto". Em oposição ao "mais antigo" existe o "mais moderno" que na gíria da marujada muda para "mais marreta". Dizer que um camarada é mais marreta não quer dizer que seja considerado um "palermoide, um martelão, ou coisa parecida e ninguém toma isso como um insulto.
No dia do meu baptismo de fogo (emboscada da povoação do Lipoche, Niassa, Moçambique) era eu o chefe da minha esquadra de 4 homens só porque o meu número de matrícula era o 16429 e os meus 3 camaradas, com os números 16451, 16452 e 16480 eram todos mais marretas que eu e sendo eu o mais antigo era eu o chefe (olha eu aqui todo inchado!).
Tudo isto para compreenderem o título desta mensagem que se refere aos últimos membros da nossa Companhia de Fuzileiros. No início do ano de 1964, todos os Cabos da CF2 foram chamados a Lisboa para frequentarem o Curso de Sargentos. Uns quantos grumetes, da Escola de Março de 1963, foram enviados para os substituir refazendo os efectivos da Companhia. Vou mostrar-vos a cara deles para saberem de quem falo.

Por curiosidade posso dizer-vos que este simpático
filho da escola, entre nós conhecido pela alcunha de
Micróbio, devido à sua baixa estatura, depois de sair da
Marinha, ficou a morar em Vila Pouca de Aguiar,
trabalhou como empregado da Câmara e ali veio a
falecer, já depois de reformado.

Sei apenas que vive nos Estados Unidos, na zona
de Newark, e foi com muita dificuldade que eu
consegui estabelecer contacto com ele e obter a
foto (de qualidade duvidosa) que vêem acima.

O Bonanza, alcunha ganha pela semelhança com
um dos personagens da famosa série da TV, que
era oriundo do Porto e reside actualmente do
outro lado do Douro, em Gaia.

Um artista da bola este filho do meu concelho de Barcelos.
Passou a vida como emigrante no Luxemburgo, teve a
desgraça de ver a mulher e filhos adoecerem com a
terrível "doença dos pezinhos" e depois de viúvo
teve ainda o azar de sofrer uma trombose que o
deixou muito incapacitado.

O grande Albertino que me acompanhou na aventura
em Metangula seguiu a carreira da Marinha, atingindo
o posto de Cabo e faleceu precocemente sem eu ter
descoberto exactamente de que doença.

O Vitorino era oriundo da margem esquerda do rio
Douro, de uma aldeia fronteira à Régua, e ali o fui
encontrar 45 anos depois de regressarmos da nossa
comissão em Moçambique.

O Artur, transmontano da região de Valpaços, era
conhecido pela alcunha de Twist, talvez por se
habilitar a executar alguns passos dessa dança que
estava na moda nos anos 60. Fez a sua vida como
emigrante na Suíça e lá vive ainda como reformado.

O Zé Correia, por alcunha o Ruço, é meu vizinho aqui
da Póvoa e por mais estranho que isso possa parecer
nunca tive conhecimento disso, enquanto estivemos
na Marinha. Só quando comecei a tentar localizar todo
o pessoal vim a descobrir que morava aqui mesmo ao
pé de mim. Também ele, assim como o Micróbio, o
Bonanza e o Albertino fazia parte do pelotão que foi
para o Niassa no início da guerra (Setembro/64).

1 comentário:

  1. Condignamente és aqui mais do que merecedor de todos os elogios!!! Bem-hajas pelo bom trabalho que vais desenvolvendo ao longo dos anos...! Mostras com as fotos a transição-evolutiva-biológica das caras - a vida em si - dos camaradas que conosco compartilháram nos afazeres de uma guerrilha sem sentido (!?)
    Abraçoa a TI a e todos!

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