segunda-feira, 5 de maio de 2014

Gajos difíceis, hein!


Para quebrar um pouco a monotonia destas publicações vou meter aqui no meio uma pequena história que envolve dois dos nossos camaradas que me vi grego para localizar e que nunca consegui que aparecessem nos nossos convívios. Por essa razão o título que dei a esta mensagem.
Esta foto foi-me oferecida pelo Manel Gonçalves - que aparece ao centro da imagem, ao lado do Cabo Milheiro - e foi a única conseguida onde aparece o João Silva (16772), sentado ao lado do Gonçalves e usando o fato macaco da ordem e também o António Pereira (16790) que podem ver em pé, ao centro da imagem e também usando o mesmo fato macaco. São eles os dois gajos difíceis.
O António Pereira, com a ajuda de um um amigo a quem não tenho maneira de pagar o favor, foi localizado na Alemanha e a última vez em que tive notícias dele tinha sido internado no hospital para uma operação ao coração. Depois disso não mais consegui contactar com ele. O telefone da casa dele dá sinal de desligado e não consegui descobrir se mudou de residência ou se, pura e simplesmente, desistiu da assinatura e passou a usar telemóvel.
O João Silva é um caso mais caricato. Já não recordo como nem quando consegui localizá-lo, mas mora em Lisboa, sempre recebeu as minhas cartas convidando-o para os nossos almoços-convívio e nunca apareceu. Nos primeiros anos, eu reiterava o meu convite com um telefonema personalizado em que repetidamente me dizia que "este ano é que vou de certeza", mas sem nunca cumprir o prometido.
Num desses telefonemas contou-me uma história que me custa a acreditar ser verdadeira, mas que também não tenho maneira de confirmar ou desmentir. Disse-me ele ter estado muito pouco tempo na CF2 e que regressou à Metrópole para ingressar no Curso de Enfermagem. E que, depois de regressar, não o deixaram frequentar esse tal curso, o que o levou a desertar. Que andou mais de um ano cá fora e depois resolveu apresentar-se e cumpriu pena de prisão no Corpo de Marinheiros. E que depois desse historial de "crimes e castigos" sempre conseguiu ser aceite no curso de enfermagem que completou ingressando no quadro do pessoal de Saúde.
Depois de sair da Marinha praticou a actividade de enfermeiro na vida civil até se ter transformado em empresário na área de armazenagem e distribuição, não sei se de materiais ligados à saúde, alimentação ou outra coisa qualquer. Custou-me muito a engolir essa história e não quis dedicar-lhe mais tempo da minha atenção. Passei-a para o "arquivo morto" da minha memória.
A primeira coisa que me custa a aceitar é o seu regresso antecipado a Lisboa. Eu considero ter muito boa memória e, para além dos Cabos que regressaram para frequentar o Curso de Sargentos, só me lembro de 3 casos de regressos antecipados. O Fragata e o Cascalho por razões disciplinares e o Arménio por razões de saúde, os quais foram rendidos pelo Ladeira, pelo Arlindo e pelo Amaral, respectivamente. Admito apenas que isso possa ter acontecido após o mês de Setembro de 1964, altura em que fui para o Niassa e deixei de acompanhar o que se passava na Machava. Mas se ele regressou nessa altura não pode dizer que esteve pouco tempo na Companhia, pois já tinham decorrido 2 anos da nossa comissão.
Enfim, coisas que só ocupam o bestunto de quem não tem mais nada em que pensar!

1 comentário:

  1. Cada qual com a sua história,
    Coisas que acontecem na vida
    Umas guardadas outras não na memória
    Haja ao menos saúde, paz e alegria.

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