O meu camarada Bento era alentejano, ouvi dizer que da aldeia de S. Bento, mas talvez isso seja confusão com o seu nome próprio. Na minha recruta era do último pelotão da segunda companhia, enquanto que eu era do segundo da primeira companhia.
Isso significa que era muito raro cruzarmos um com o outro. Nas aulas, nunca, na formatura ele ficava a 250 homens de mim, no refeitório eu ficava logo à entrada e ele na penúltima mesa, lá ao fundo, nas saídas de licença ainda menos, nunca me esbarrei com ele em lado nenhum dos que eu frequentava.
Depois partimos juntos para Moçambique. Juntos é como quem diz, pois ele foi num avião e eu fui noutro. Lá chegados ele acantonou na Caserna Nº 1, dita dos alentejanos, e eu na Nº 2 com malta mais diversificada. Também lá continuamos separados, pois como entrava de serviço um pelotão de cada vez, eu estava de folga quando ele estava no posto.
Mais tarde, acabada a guerra para mim, passei à disponibilidade, enquanto ele continuou a carreira e a participar na Guerra Colonial, até ao 25 de Abril.
Em 2002 comecei a aparecer nos convívios dos Filhos da minha Escola e lá o reencontrei. E quando comecei a organizar os convívios da Companhia 2, lá compareceu um par de vezes. Falhou muitos, pois só ia se houvesse um autocarro organizado para levar a malta, coisa que eu nunca consegui fazer.
Agora partiu para outra dimensão e nunca mais o verei. A sua mulher tinha já falecido, há uma boa meia dúzia de anos, deixando-o muito afectado, Pelo menos acabou esse sofrimento, visto que foi juntar-se a ela. Que descanse em paz, é tudo o que posso desejar-lhe agora!