Na altura ia acompanhado pelo Zé Correia e pelo Salvador Barbosa, eles é que eram, realmente, os amigos dele, eu apenas servi de taxista. Em Moçambique, nunca me lembro de nos termos cruzado em serviço. Enquanto que o Artur (Twist) e o Vitorino fizeram muitos serviços comigo, ele não, devia pertencer a outro pelotão.
Quando o meu pelotão foi para Metangula, em Setembro de 64, ele ficou para trás e depois do nosso regresso a Lourenço Marques, já a comissão estava no fim e foi tempo de fazer as malas e apanhar o Infante D. Henrique.
Depois da Marinha, na sua vida civil, ele foi emigrante no Luxemburgo e só regressou a Barcelos depois de enviuvar e ter sofrido um, ou vários, AVC que o deixou em muito mau estado. Só conseguia caminhar arrimado a um pau, com a bengala não conseguia equilibrar-se, e mal conseguia falar. A mulher com quem se casou tinha a doença dos pezinhos e deu-lhe 3 filhos todos com o mesmo mal.
Após ter ficado viúvo, teve a sorte de arranjar uma nova mulher que o ajudou a suportar a sua invalidez e lhe facilitou a vida, enquanto por cá andou. A sua filha, a mais velha dos 3, já faleceu também. Dos dois filhos, o mais novo foi o primeiro a ser transplantado e leva uma vida, digamos, normal. O mais velho também foi transplantado, mas, talvez porque a doença já tinha alcançado um estado muito avançado, não tem a mesma qualidade de vida do seu irmão.
E é assim a vida, a nossa Companhia está quase a alcançar um número de baixas igual ao dos que continuam por cá. E há uma meia dúzia deles que desapareceram do meu radar e não posso garantir que estejam ainda vivos. Para quem cá estiver desejo um Feliz Natal e um Próspero Ano Novo, aos outros que descansem em paz e Deus os não abandone!
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