Inesperadamente ...!

... algumas das cartas que enviei na semana passada foram-me devolvidas. Endereços alterados sem meu conhecimento, coisa que não devia acontecer. Todos sabem que mantenho uma «Base de Dados» actualizadíssima que cobre todos os membros da minha Companhia de Fuzileiros e eu esperaria ser informado sempre que algum camarada muda de endereço, de telefone, etc., mas pelos vistos posso esperar sentado. Paciência, não morrerá ninguém por causa disso.

Uma dessas cartas é a do Zé Correia, mais conhecido pela alcunha de Ruço que só passou um anito connosco em Moçambique, mas fez parte do grupo que foi destacado para Metangula, em Setembro de 1964, para fazer frente aos "frelimos" que começavam a mexer-se. Como ele mora aqui a uns 5 kms a norte da Póvoa, meti os pés ao caminho e fui lá levar-lhe a carta pessoalmente e saber o que tinha mudado no endereço. E pelo que pude saber não mudou nada, tratava-se de um erro da minha Base de Dados que entretanto já corrigi. Só não percebo como lhe chegaram às mãos as cartas referentes ao convívios anteriores.

Decidi trazer aqui este pequeno acidente de percurso, não pelo assunto em si, mas por causa de algo que se passou durante a minha visita. O Zé viveu toda a sua vida em função da agricultura, mas não tem terras suas. A sua casa fica quase em cima da areia da praia e tem apenas um pequeno pátio nas traseiras totalmente cimentado e portanto sem quaisquer condições para cultivar seja o que for.

Mas o nosso Zé não se deu por vencido e e encheu o seu pequeno pátio de grandes vasos onde cultiva tudo e mais alguma. Ele tem tomates, pimentos, alfaces, salsa, alhos, couves e sei lá que mais. Resultado, regressei a casa com um saco cheio dos seus produtos que fez questão de me oferecer e que não tive maneira de recusar. É como diz o ditado:

- Vais à aldeia e trazes a ceia!