Depois de algumas conversas trocadas com o Eduardo Nunes, administrador do blog «Batalhão de Caçadores 598», sou forçado a concluir que foi com elementos desse batalhão que a CF2 fez uma operação conjunta, nos últimos dias do ano de 1964, na zona do Cobué, no Niassa.
Uma secção de fuzileiros foi enviada pelo comandante Zilhão, seguindo ordens sabe Deus de quem, para se juntar a um pelotão do Exército que patrulhava as montanhas naquela zona. Provavelmente, por informações da PIDE, esperava-se que ocorresse por aquelas bandas alguma deslocação de homens ou material da Frelimo a que gostariam de deitar a mão.
Dessa estadia no bivaque dos camaradas do Batalhão do Eduardo, guardo 3 recordações que hoje decidi partilhar com quem por aqui passa e se dá ao trabalho de ler aquilo que escrevo. A primeira delas é de um almoço de feijão frade (ou ciclistas, como a gente lhe chamava) com atum que foi a primeira refeição que tomamos por conta do Ministério do Exército e que nos foi servida pouco depois de termos chegado. A história não me teria ficado gravada na memória se não fosse o facto de o feijão ter cozido tanto que se transformou num puré castanho com aquelas cabecinhas pretas do feijão a boiar por todo o lado. Juntando a isto o atum que também não era de qualidade superior, já podem imaginar que tipo de mastigada nos despejaram no fundo do cantil que nos servia de prato.
A segunda dessas recordações compõe-se destas duas fotos que aqui vêem e onde aparecem todos os elementos que compunham a secção que era comandada pelo Tavares Costa. Um dos camaradas não o consigo identificar, pois tanto numa como na outra foto ficou a olhar para o chão. Os outros e por ordem de antiguidade, como mandam as regras, são o Piaça, o Silveira, o Paixão, o Carlos (euzinho da Silva), o Floriano, o Marlon, o Rodeira e o Micróbio.
Más recordações, mas fizeram parte da vida dos fuzileiros em Moçambique, a máquina de fotografar já nessa altura era produto chinês!
ResponderEliminarEu confirmo que essa operação ocorreu na última quinzena do mês de Novembro do ano de 1964. Teve inicio no Cobué e terminaria em Vila Cabral, todavia terminou mais cedo do que o previsto, devido a um acidente de viação com um Unimog, que se virou com as quatro rodas para o céu, tendo, infelizmente, ficado debaixo dele sem vida um camarada nosso. A referida operação, tinha como missão vascular toda aquela zona compreendida, entre o Cobué, passando pelo Rio Lunho, Nova Coimbra, entre Metangula e Maniamba até às imediações de Meponda. Do que mais saudades tens ainda é da requintada refeição de
ResponderEliminarfeijão frade (de duas caras, careto ou ciclistas). A alimentação do (Zé soldado) era uma desgraça. Quando o Batalhão 598, se mudou de Vila Cabral, para Metangula, definitivamente, em Junho de 1965, o almoço era massa com umas rodelas muito fininhas de chouriço, o jantar era a mesma coisa. Os primeiros 3 meses desse mesmo ano em que o meu pelotão foi destacado para junto do Rio Lunho. Como era-mos só trinta e cinco (gatos pingados), as refeições tinham outra qualidade e eram servidas na pensão estrela. A pesar do isolamento e do perigo a que estávamos expostos, foi o melhor tempo que lá passei, quanto à paparoca!