No Ribatejo há muitos Cações. Reparem que escrevi a palavra com letra maiúscula porque me refiro ao nome de pessoas e não aos peixinhos que os alentejanos tanto gostam de cozinhar na sua sopa tradicional. Antigamente, aqui na Póvoa, cação era peixe de terceira e pouca gente lhe pegava, mas agora com a moda da sopa de cação subiu de preço e está quase ao preço do camarão. Para mal dos meus pecados (há coisas de que gosto muito mais) o meu almoço de hoje foi «caldeirada de cação» porque a minha mulher tem uma amiga com pescadores na família que lhe oferecem uma parte do quinhão a que têm direito no regresso das pescarias.
Bem, mas não era disso que vinha falar quando iniciei este post, mas sim dos Cações do Ribatejo, entre os quais se insere o meu amigo e filho da escola Almeirim que depois da comissão na Companhia 2 regressou de novo a Lourenço Marques, onde ficou a trabalhar como civil. Isto sei eu agora, mas não o sabia quando comecei a procurar o camarada de quem não tinha notícias desde o fim do Curso de 1º Grau, no verão do ano de 1965. Aterrei em Almeirim pensando que com um nome daqueles depressa lhe encontraria o rasto. Puro engano, a primeira pessoa a quem perguntei disse-me logo que, dali até ao Barreiro, havia tantos Cações como ervas daninhas na lezíria ribatejana.
Contaram-me que nos tempos do rei D.Dinis foram dados foros a muitas pessoas, vindas da região entre Ovar e Aveiro (porque a pesca não lhe dava o necessário sustento), para cultivar as terras férteis da margem esquerda do Tejo. Uma das famílias usava o nome de Cação e espalhou-o pelo Ribatejo em grande escala, dificultando as minhas pesquisas meia dúzia de séculos mais tarde. Esse facto explica também o nome de povoações, como é o caso de Foros de Salvaterra, Foros de Amora, etc..
Este nosso camarada da CF2 vive hoje na Matola, cidade satélite de Maputo, com a sua segunda mulher e os filhos desta nascidos em Moçambique. Dentro de +/- um mês completará 71 anos de idade e costumo enviar-lhe um abraço através da sua filha mais nova que é minha «amiga do Facebook». Com a sua primeira mulher que vive cá em Portugal com as filhas e netos, nunca mais teve qualquer contacto. Coisas da vida!
Histórias do kaneko, mas o mais interessante é como tudo foi descoberto... A Matola, onde vive aqui este camarada cresceu a olhos vistos.
ResponderEliminarAcabam na morte!
ResponderEliminaras coisas da vida
ainda bem que tens sorte
na tua dedicada pesquisa!
Peixe cação de coentrada
no Alentejo cozinhado na caçarola
vive o Cação, teu camarada
em Moçambique,lá na Matola!